quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O nascimento do T. e a reacção da M.

Já falei aqui do nascimento do T. e como foi vivido pela familia... Vivi uma gravidez tranquila (dentro do possível, tendo em conta que tinha uma criança com menos de 2 anos em casa) mas sempre preocupada com a M. Como vos disse anteriormente sou filha única de sangue por isso esta questão de ter de "dividir" a atenção entre os meus dois filhos foi algo a que tive de me habituar. Não posso dizer que tenha sido fácil. Aliás, ainda hoje em dia não é muito... Estou sempre preocupada com isso, a fazer os possíveis para que eles não sintam diferenças, para que tenham a mesma atenção, para que se sintam bem e felizes... É um pouco desgastante estar sempre preocupada com isso, mas à medida que eles vão crescendo, vou sentindo que isso me sai naturalmente, e hoje em dia já não é tão difícil... Durante a minha gravidez, fiz questão que a M. acompanhasse o máximo do processo... Foi a algumas consultas, ajudou a comprar algumas roupas, falava para a minha barriga, dava festinhas e todas as noites antes de se deitar dava um beijinho ao mano. Adorámos viver esta fase com ela. Mas tivemos medo. Medo que a reacção se alterasse assim que entrasse um bebé pequenino nas nossas vidas. Medo que ela recuasse no desenvolvimento e nas conquistas (é preciso dizer que a M. entrou no infantário em Setembro, e que o irmão nasceu em Novembro; para além disso, estava a deixar as fraldas, já falava muito, comia sozinha... enfim, estava muito "crescida"). Medo que ela se rebelasse contra o irmão. Medo que as coisas não corressem bem. Felizmente, tudo não passou de medo infundado. Não vos vou dizer que o primeiro mês foi um mar de rosas. Estaria a mentir! Quando o T. nasceu, a M. ficou numa euforia que nem consigo explicar. Estava verdadeiramente feliz. Ela foi connosco para a maternidade nesse dia mas enquanto eu fiquei lá, ela ficou com os avós J. e A. e com os tios. A rotina dela nesses dias não sofreu grandes alterações. O avô ia levá-la à escola, à tarde ia buscá-la, iam ver-nos e voltavam para casa. Nesses dias tive sempre muito cuidado para que ela não me visse com o irmão ao colo quando chegava. Assim teria toda a disponibilidade para ela. E assim foi! Ela queria ver o irmão, mas sem grandes euforias. Brinquei com ela, conversamos e aproveitei o máximo do tempo em que ela estava na maternidade. Entretanto chegou o dia do regresso a casa. Decidimos que a M. teria de regressar também. Então saímos os três da maternidade e fomos para casa. O avô J. foi buscá-la à creche e levou-a. Ficou feliz de voltar a casa, obviamente mas não ligava muito ao irmão. Ignorava-o. De vez em quando lembrava-se e dava-lhe um beijinho e fazia-lhe uma festinha mas nada de muito exuberante. Aí, tememos que a coisa se complicasse. No dia seguinte a termos voltado a casa, adoeceu. Nada de muito grave, uma febre e pouco mais. Uma reacção psicossomática ao nascimento do irmão, como que a lembrar-nos que ela também estava ali. Felizmente ela percebeu depressa que nós iríamos também continuar ali para ela e que o lugar dela se mantinha intacto e, ao final de umas semanas, tudo voltou ao normal, e entrámos na fase do instinto maternal da M. Foi o máximo assistir a esta mudança na vida dela, dele, deles, nossa! Quando o T. chorava, ela vinha logo avisar ou então ia para perto dele para o tentar acalmar... E tem sido assim. Claro que às vezes ele é mau para ela e ela é má para ele. Mas é normal. São irmãos. Tudo faz parte. E tudo passa. E nós temos tido muita sorte. Nem ela regrediu, nem ela se rebelou contra o irmão, nem as coisas correram mal... Tivemos sorte! Muita sorte!

1 comentário:

  1. E, porque, para mim, que só tive uma filha, foi toda uma experiência maravilhosa, e alucinante, aqui "tiro o meu chapéu" à minha filha que, apesar de todos os medos e interrogações (sim, ela tem muitos - quem não tem? - e faz muitas), conseguiu ultrapassar facilmente aquelas primeiras horas caóticas, em casa, com duas crianças muito pequenas e consegue ser MÃE integral todos os dias. É que ser MÃE não é só o seu "nome do meio", é também uma condição natural da minha filha...

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